As elites mineiras há muito tem um sonho: eleger, novamente, um Presidente da República. Lembram-se de Juscelino, da política do café com leite, lamentam Tancredo Neves, e ..., hoje, só falam de “Aécio”.
Para concretizar esse sonho e devido à dianteira de Serra, tucanos mineiros e aliados, lançaram, às pressas, um Comitê denominado “Núcleo Informal Estratégico Pró-Candidatura do governador Aécio Neves à Presidência da República”.
O governo e seu núcleo sabem que a estratégia utilizada pela oposição de desqualificar o governo petista, buscando o impeachment do presidente Lula está ultrapassada. O povo derrotou Alckmin, a mídia e as elites conservadoras deste país. O segundo governo de Lula avança e estabiliza o crescimento da economia em mais de 5% ao ano, gerando emprego e renda e, principalmente, dividindo esses resultados positivos com as massas empobrecidas de nosso país.
O PAC, a partir de agora, presente nos bolsões de miséria dos grandes centros, e o “Territórios da Cidadania” nos bolsões de miséria da área rural consolidam o governo e o PT junto à imensa maioria do nosso povo, colocando-os, junto com os aliados, como favoritos a continuar governando o Brasil. Em outras palavras, Lula tem tudo para fazer o seu sucessor.
Portanto, o governador de Minas e seu núcleo estratégico sabem que têm uma pedra no meio do caminho, sendo melhor contorná-la, já que não conseguiram destruí-la. Querem convencer o PSDB nacionalmente que sua candidatura é a única possível de superar uma outra apoiada pelo presidente Lula. Por isso, declarou recentemente que não quer ser um candidato anti-Lula (como José Serra), mas um presidente pós-Lula.
O aceno é claro para as elites brasileiras: o que interessa é barrar o projeto democrático e popular em curso e retomar no pós-Lula as idéias neoliberais do período FHC.
No entanto, para que isto seja possível, o governador e sua tropa precisam de tempo e suprimentos. Precisam conquistar a maioria brasileira, em especial os mais pobres, cada vez mais próximos do governo Lula e do PT. Aí é que entra Belo Horizonte. Aécio quer o PT de BH, para exibi-lo como troféu. Na campanha eleitoral, buscaria confundir o eleitorado, como se ele, Dilma, Patrus ou Ciro fossem a mesma coisa, o mesmo projeto.
De preferência no PSDB, pois daria segurança às elites do seu propósito neoliberal e apontaria como maldoso e mentiroso o argumento dos aliados de José Serra de que seria uma aventura populista ou neo-esquerdista. Se a escolha do PSDB for por Serra servirá qualquer outra sigla que lhe dê carona, pois está convencido de que em 2010 o cavalo passará arreado.
De toda forma as elites não têm com o que se preocupar. Afinal, seus dois governos em Minas foram exemplares para o modelo liberal: choque de gestão contra o serviço público; movimento sindical e popular reprimidos com truculência; oposição sufocada; mídia amordaçada; investimentos sociais mínimos, política tributária beneficiando as grandes empresas, estado mínimo, etc...
Um deputado partidário desta estratégia me revelou com entusiasmo a pretensão do “grupo”: “realizar uma nova Inconfidência Mineira”. Exageros à parte, este é o pensamento predominante entre as elites das Alterosas. O problema desta história - que só poderia se repetir como farsa - é que não existe Tiradentes, mas muitos Joaquins Silvérios dos Reis.
Mesmo estando claro que, há 16 anos, o PT e seus aliados administram muito bem Belo Horizonte – com dezenas de programas sociais de resgate da cidadania e divisão de renda, entre eles a escola integrada, o orçamento participativo, os conselhos populares; com as finanças em dia; com capacidade de investimento; com intervenções em vilas e favelas e melhorias no saneamento; mesmo com a Prefeitura e o prefeito muito bem avaliados e o PT com quase 30% de preferência na cidade; mesmo com a possibilidade de reeditar a aliança junto ao PMDB e PCdoB, garantindo uma eleição vitoriosa; mesmo assim, esta inusitada aliança entre PT e PSDB, via PSB, aqui com papel de laranja, (aliás na última eleição municipal, PT e PSB foram adversários – Pimentel X João Leite) ameaça ser implementada na capital com repercussão em Minas Gerais e no país.
Aliados são esquecidos, a unidade petista posta de lado e vereadores e deputados, antigos adversários na capital, são, repentinamente, conclamados a aderirem a esse estranho projeto.
Algumas lideranças petistas surfam nesta onda e ganham páginas na mesma imprensa “aecista” que trabalhou pelo impeachment do presidente Lula e que continua a atacar o nosso governo e o PT. Os que discordam são perseguidos e a tese de não-aliança com o PSDB aparece como irrelevante, quando raramente citada, criando-se um clima ditatorial de pensamento único, já bem conhecido dos mineiros.
Alguns agem assim com uma análise equivocada de que PT e PSDB têm projetos semelhantes e que um dia governarão juntos o Brasil. Tese sem consistência programática, posto que em 2010, novamente, liderarão blocos adversários na condução do país. Outros, por puro pragmatismo, adesão ou sobrevivência política. De toda forma, seja como for, prestam um des-serviço ao projeto democrático popular em curso no país e que precisa continuar a bem dos trabalhadores e despossuídos.
Entendo que contribuir com esta aliança em BH é dar ao PSDB mineiro o troféu de que precisa para se mostrar credenciado junto às elites brasileiras a retomar o caminho trágico do projeto neoliberal interrompido.
Mais que um alerta, fica um apelo aos petistas de Belo Horizonte, de Minas e do Brasil: não caiam na crônica de um Aécio anunciado.
Rogério Correa é fundador do Sind-Ute, do PT e da CUT Minas. Foi vereador por 10 anos em Belo Horizonte, deputado estadual por 8 anos e 2º suplente de deputado federal do PT.
Para concretizar esse sonho e devido à dianteira de Serra, tucanos mineiros e aliados, lançaram, às pressas, um Comitê denominado “Núcleo Informal Estratégico Pró-Candidatura do governador Aécio Neves à Presidência da República”.
O governo e seu núcleo sabem que a estratégia utilizada pela oposição de desqualificar o governo petista, buscando o impeachment do presidente Lula está ultrapassada. O povo derrotou Alckmin, a mídia e as elites conservadoras deste país. O segundo governo de Lula avança e estabiliza o crescimento da economia em mais de 5% ao ano, gerando emprego e renda e, principalmente, dividindo esses resultados positivos com as massas empobrecidas de nosso país.
O PAC, a partir de agora, presente nos bolsões de miséria dos grandes centros, e o “Territórios da Cidadania” nos bolsões de miséria da área rural consolidam o governo e o PT junto à imensa maioria do nosso povo, colocando-os, junto com os aliados, como favoritos a continuar governando o Brasil. Em outras palavras, Lula tem tudo para fazer o seu sucessor.
Portanto, o governador de Minas e seu núcleo estratégico sabem que têm uma pedra no meio do caminho, sendo melhor contorná-la, já que não conseguiram destruí-la. Querem convencer o PSDB nacionalmente que sua candidatura é a única possível de superar uma outra apoiada pelo presidente Lula. Por isso, declarou recentemente que não quer ser um candidato anti-Lula (como José Serra), mas um presidente pós-Lula.
O aceno é claro para as elites brasileiras: o que interessa é barrar o projeto democrático e popular em curso e retomar no pós-Lula as idéias neoliberais do período FHC.
No entanto, para que isto seja possível, o governador e sua tropa precisam de tempo e suprimentos. Precisam conquistar a maioria brasileira, em especial os mais pobres, cada vez mais próximos do governo Lula e do PT. Aí é que entra Belo Horizonte. Aécio quer o PT de BH, para exibi-lo como troféu. Na campanha eleitoral, buscaria confundir o eleitorado, como se ele, Dilma, Patrus ou Ciro fossem a mesma coisa, o mesmo projeto.
De preferência no PSDB, pois daria segurança às elites do seu propósito neoliberal e apontaria como maldoso e mentiroso o argumento dos aliados de José Serra de que seria uma aventura populista ou neo-esquerdista. Se a escolha do PSDB for por Serra servirá qualquer outra sigla que lhe dê carona, pois está convencido de que em 2010 o cavalo passará arreado.
De toda forma as elites não têm com o que se preocupar. Afinal, seus dois governos em Minas foram exemplares para o modelo liberal: choque de gestão contra o serviço público; movimento sindical e popular reprimidos com truculência; oposição sufocada; mídia amordaçada; investimentos sociais mínimos, política tributária beneficiando as grandes empresas, estado mínimo, etc...
Um deputado partidário desta estratégia me revelou com entusiasmo a pretensão do “grupo”: “realizar uma nova Inconfidência Mineira”. Exageros à parte, este é o pensamento predominante entre as elites das Alterosas. O problema desta história - que só poderia se repetir como farsa - é que não existe Tiradentes, mas muitos Joaquins Silvérios dos Reis.
Mesmo estando claro que, há 16 anos, o PT e seus aliados administram muito bem Belo Horizonte – com dezenas de programas sociais de resgate da cidadania e divisão de renda, entre eles a escola integrada, o orçamento participativo, os conselhos populares; com as finanças em dia; com capacidade de investimento; com intervenções em vilas e favelas e melhorias no saneamento; mesmo com a Prefeitura e o prefeito muito bem avaliados e o PT com quase 30% de preferência na cidade; mesmo com a possibilidade de reeditar a aliança junto ao PMDB e PCdoB, garantindo uma eleição vitoriosa; mesmo assim, esta inusitada aliança entre PT e PSDB, via PSB, aqui com papel de laranja, (aliás na última eleição municipal, PT e PSB foram adversários – Pimentel X João Leite) ameaça ser implementada na capital com repercussão em Minas Gerais e no país.
Aliados são esquecidos, a unidade petista posta de lado e vereadores e deputados, antigos adversários na capital, são, repentinamente, conclamados a aderirem a esse estranho projeto.
Algumas lideranças petistas surfam nesta onda e ganham páginas na mesma imprensa “aecista” que trabalhou pelo impeachment do presidente Lula e que continua a atacar o nosso governo e o PT. Os que discordam são perseguidos e a tese de não-aliança com o PSDB aparece como irrelevante, quando raramente citada, criando-se um clima ditatorial de pensamento único, já bem conhecido dos mineiros.
Alguns agem assim com uma análise equivocada de que PT e PSDB têm projetos semelhantes e que um dia governarão juntos o Brasil. Tese sem consistência programática, posto que em 2010, novamente, liderarão blocos adversários na condução do país. Outros, por puro pragmatismo, adesão ou sobrevivência política. De toda forma, seja como for, prestam um des-serviço ao projeto democrático popular em curso no país e que precisa continuar a bem dos trabalhadores e despossuídos.
Entendo que contribuir com esta aliança em BH é dar ao PSDB mineiro o troféu de que precisa para se mostrar credenciado junto às elites brasileiras a retomar o caminho trágico do projeto neoliberal interrompido.
Mais que um alerta, fica um apelo aos petistas de Belo Horizonte, de Minas e do Brasil: não caiam na crônica de um Aécio anunciado.
Rogério Correa é fundador do Sind-Ute, do PT e da CUT Minas. Foi vereador por 10 anos em Belo Horizonte, deputado estadual por 8 anos e 2º suplente de deputado federal do PT.
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