segunda-feira, 26 de maio de 2008

Executiva do PT mantém veto à aliança com tucanos em Belo Horizonte

A Executiva Nacional do PT manteve o veto à aliança com tucanos em Belo Horizonte. Por 13 a 2, a executiva manteve a decisão de proibir que o PT se coligue com o PSDB na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. A aliança havia sido costurada pelo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT) com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Pela aliança costurada entre Pimentel e Aécio, os dois partidos apoiaram a candidatura do empresário Márcio Lacerda (PSB), secretário estadual de Minas. Como parte do acordo, o PT indicaria a vice da chapa.
A aliança com os tucanos havia sido aprovada pelas Executivas Municipal e Estadual do PT em Minas. Com a decisão de hoje, a palavra final sobre a aliança deverá ser do Diretório Nacional do PT, que se reúne nesta sexta-feira e sábado, em Brasília.

Minas precisa de acordo é no PT

O Diretório Estadual do PT dividiu-se ao meio durante a votação sobre a proposta de aliança formal com o PSDB para as eleições de 2008 em Belo Horizonte. O resultado enfraquece a tática eleitoral e propicia um claro indicativo para a Executiva Nacional de que o veto à aliança deve ser mantido. Estamos certos de que os integrantes da Executiva e Diretório Nacional do PT não deixarão de avaliar esse resultado com sensibilidade política e responsabilidade para subsidiar sua decisão, como têm feito até este momento.
De um lado 29 votos deram aval a aliança com o PSDB. Por outro, 26 votos contrários e três abstenções(29 votos) resistiram à proposta. Essa votação reflete divisões profundas nas bancadas da Câmara Municipal de Belo Horizonte, da Assembléia Legislativa e da Câmara dos Deputados, bem como as posições contrárias de movimentos sociais e sindicais que integram a base do partido. Basta ver os resultados dos encontros setoriais do PT, em particular o 1º Congresso da Juventude Petista. Assim, mantém-se a preocupação da própria Executiva Nacional, expressa em seu veto, em abril, de que a forma como foi construída a aliança com o PSDB em Belo Horizonte, proposta pelo Prefeito Fernando Pimentel e pelo Governador Aécio Neves, não circunscreve seus efeitos à capital mineira, mas tem uma dimensão política que extrapola o acordo municipal, enfraquecendo o PT no estado e nacionalmente.
Reiteramos, portanto, que a manutenção do veto poderá propiciar a reabertura do diálogo interno em busca de uma solução política que reunifique o partido para garantir a vitória em outubro e a continuidade ao projeto democrático-popular na capital mineira. Nesse sentido, destacamos aqui argumentos em favor da construção de uma nova tática eleitoral, que considere: - O PT está no governo em Belo Horizonte há 16 anos com um projeto vitorioso com seus aliados históricos; tem excelente avaliação popular e a maior bancada de vereadores na Câmara. Por que abrir mão de lançar um candidato próprio e fortalecer o PSDB?
- Os ministros mineiros e o vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva, devem ser ouvidos no processo eleitoral, contribuindo para a unidade do PT e a retomada do diálogo com os partidos aliados históricos que compõem a base do Governo Lula.
- A proposta de alianças deve, necessariamente, envolver compromissos com um programa de continuidade e aperfeiçoamento do projeto democrático-popular em Belo Horizonte.
- As alianças eleitorais para a sucessão em Belo Horizonte devem fortalecer o PT, sua interlocução com os movimentos populares e com os partidos que compõem a base do Governo Lula, refletindo-se positivamente nos processos eleitorais do Estado em 2008.

André Quintão é deputado estadual PT/MG
Rogério Correia é membro do Diretório Regional do PT/MG e ex-deputado estadual

sábado, 24 de maio de 2008

Corrupção: PT de Minas vai virar PSDB

Aprovação da aliança com o PSDB pela executiva estadual do PT custou R$ 2 bilhões. A compra de apoio político, utilizada no "mensalão" em Brasília, é praticada pelo prefeito de Nova Lima, um dos articuladores da aliança PT, PSB e PSDB.
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quinta-feira, 22 de maio de 2008

PT e PSDB: diálogo eleitoral ou monólogo programático?


A ausência de projetos conseqüentes e coerentes na política brasileira faz com que velhas teses ressurjam como se saíssem do ventre revolucionário da pós-moderníssima inteligência da esquerda. “A aliança entre PT e PSDB, fora dos marcos da radicalidade paulista, é a alternativa à governabilidade de um projeto de desenvolvimento soberano”, apontam alguns petistas ante a angustiante disputa política que Brasília vivencia. Por Jô Moraes* Deputada Federal PC do B/MG

A tal união dos contrários na esfera político-partidária, como solução aos dolorosos conflitos que um país vive para encontrar o seu caminho de desenvolvimento e paz não é novidade. (A não ser em períodos pós-ditatoriais ou naqueles velhos tempos de UDN versus PSD de saudosa memória de coerência e convicções).

Quem já não leu artigos, teses, propostas que procuravam aproximar os social-democratas petistas aos social-democratas tucanos, nos inumeráveis e profícuos congressos partidários ou estudos acadêmicos?

A novidade é que agora é Minas Gerais, um estado de tradição nacionalista, a ousadia agora é mineira, a coragem “transgressora” é mineira! O governador do PSDB, juntamente com o prefeito do PT, estão propondo um nome, ungido pelos dois, para continuar o projeto popular encabeçado pelo PT e outras forças populares e democráticas, ao qual o PSDB fez oposição durante 15 anos! (Não subestimem a inteligência do governador de Minas, o amigo que foi indicado para ser ungido prefeito foi orientado a filiar-se no PSB, partido da base de sustentação do Presidente Lula.

(Os eleitores que nos perdoem se não entendem, mas a confusão é universal!). O argumento central que o prefeito e o governador apresentam é que “o bom entendimento entre dois administradores públicos — prefeito e governador — assegurou os avanços que a capital mineira conseguiu nos últimos anos”. E quem estiver contra esse entendimento está contra a cidade.

Alguém pode explicar por que Belo Horizonte não teve esses investimentos, mesmo quando o prefeito da capital era do mesmo partido do presidente da República — diga-se PSDB? Um era brigado com o outro, por acaso?

É evidente que “bom entendimento entre instâncias administrativas” já está garantido na constituição e qualquer coisa em contrário é neurônio a menos. O problema central é que não há investimentos nem crescimento nos municípios se não houver um projeto nacional que tenha como objetivo central o desenvolvimento soberano com distribuição de renda. E esta não é a proposta do PSDB. O PSDB, independente da vontade de alguns políticos a ele filiados, representa o ideário do sistema financeiro e do grande capital, especialmente do que se situa em São Paulo.

O Brasil e Minas precisam de investimentos produtivos, de produção com valor agregado e de valorização do trabalho. Sob hegemonia do sistema financeiro e do grande capital, especialmente o que se concentrou em São Paulo, Minas não terá vez, assim como o resto do Brasil.

O “monólogo programático” do PT X PSDB exclui o país, a democracia, os que produzem e os que trabalham. E lembremos aqui o aprendizado que a experiência socialista indica: “as máquinas administrativas não devem substituir as forças políticas e sociais na dinâmica política”. Leia-se: o prefeito e o governador, por mais legítimas que sejam suas lideranças, não podem substituir os partidos e as forças sociais nos processos democráticos das escolhas políticas e representativas.

* Jô Moraes é deputada federal e presidente estadual do PCdoB-MG

Congresso da JPT de Minas Gerais repudia aliança com PSDB em BH

O Congresso Estadual da Juventude Petista de Minas Gerais, realizado neste final de semana, aprovou por unanimidade uma moção de repúdio a uma possível aliança entre o PT e o PSDB para a disputa da prefeitura de Belo Horizonte.
O documento aprovado pelos jovens petistas mineiros apóia a decisão da Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, que desautoriza a aliança com o PSDB na capital mineira.
Leia a íntegra do documento aprovado:
Moção da Juventude Petista de Minas Gerais sobre as Eleições Municipais em Belo Horizonte
Nós, militantes do Partido dos Trabalhadores, reunidos nestes dias 17 e 18 de maio de 2008, em Contagem-Betim- MG na etapa estadual do 1º Congresso da Juventude do PT, repudiamos publicamente uma possível aliança entre o PT e o PSDB para a disputa da prefeitura de Belo Horizonte e apoiamos a decisão da Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, que desautoriza a aliança com o PSDB em Belo Horizonte, representada pela candidatura de Márcio Lacerda (PSB), Secretário de Desenvolvimento Econômico de Aécio Neves. Solicitamos ao Diretório Nacional que mantenha o veto e tome providências imediatas para garantir uma tática eleitoral coerente com as resoluções do 3º Congresso.
A tática eleitoral do PSDB mineiro tem um objetivo estratégico evidente: eleger Aécio Neves presidente em 2010. Assumir uma aliança para as eleições municipais com o PSDB é se comprometer com a política de destruição do Estado por eles patrocinada, pautada nas privatizações, na desvalorização do funcionalismo público, na criminalização dos movimentos sociais e no corte de gastos sociais. O projeto estratégico do PT para a sociedade é completamente diferente deste assumido pelo PSDB, seja nos oito anos de FHC, seja no governo de Aécio Neves. Aprovar uma aliança com o PSDB é deixar de lado nosso programa de transformação da sociedade, ancorado na participação popular, na distribuição de renda, em uma política externa soberana e na interlocução democrática com os movimentos sociais. É admitir que não teremos candidatura viável em 2010
Após 16 anos consecutivos na prefeitura de Belo Horizonte à frente de gestões populares devemos reivindicar uma candidatura petista para avançar nesse projeto. Temos plenas condições de realizar essa disputa sem coligar com qualquer partido que seja inimigo histórico do PT e da classe trabalhadora. Repudiamos qualquer tentativa do Prefeito Fernando Pimentel no sentido de realizar um apoio informal à candidatura PSDB/PSB, contrariando a história, e o que é mais grave, o estatuto do Partido dos Trabalhadores.
Neste sentido todas e quaisquer alianças entre o PT e o PSDB em Belo Horizonte, pois a mesma representa um paradoxo entre os interesses da classe trabalhadora e das elites, e como tal devem ser repudiadas. É com vontade de ver o PT junto à classe trabalhadora, defendendo seus interesses, se tornando cada vez mais um partido socialista e de massas, capacitado para ser o grande protagonista da transformação social, é que nós, Juventude Socialista do PT de Minas Gerais, vimos a público deixar clara nossa posição contrária a esta aliança. Nos dirigimos à direção nacional do Partido para que, em consonância com a vontade da base partidária em todo o país, impeça essa aliança que representaria um duro golpe contra a expressão própria do PT e a luta do povo trabalhador por seus direitos.

II Resolução do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais (PTMG)

Data: 15/3/2008 /Resolução 002/2008

O Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais (PT-MG) reunidos no dia quinze de março de 2008 no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG), localizado na Avenida Álvares Cabral, 1600, Bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte, aprovou a seguinte resolução no que se refere a conjuntura política e a política de alianças a ser implementada nas Eleições Municipais de 2008.
As eleições municipais de outubro acontecerão sob o enorme sucesso do governo Lula. O crescimento do país, fruto da melhoria da renda dos assalariados, da oferta de empregos, do Plano de Aceleração do Crescimento, das políticas sociais, criam um ambiente propício para debater com a sociedade os rumos de nossas cidades. Estamos consolidando nosso projeto anti-neoliberal e devemos, nessas eleições, politizar o debate acerca do modelo de desenvolvimento que queremos para o Brasil – mais estado a serviço do povo, mais cidadania, mais direitos, mais justiça social. Os temas da sustentabilidade do crescimento e do papel dos municípios no desenvolvimento nacional, da necessidade de uma profunda reforma política e da participação popular devem ser centrais no nosso discurso de campanha, traduzidos para o contexto de cada localidade. O PT é o nosso grande instrumento de transformação, da implementação do nosso projeto onde há prevalência do coletivo do partido, sobre as pessoas.Vencemos as duas últimas grandes disputas de rumo da política nacional, em 2002 e 2006. O nosso atual desafio é identificar o PT nos municípios com os projetos e programas do Governo Lula para atingirmos o melhor desempenho nas eleições de 2008. Assim agiremos localmente para construir uma nova Minas Gerais e nos prepararemos para a continuidade da mudança em 2010. O Governo Aécio não se coaduna com o que o PT quer para Minas Gerais e muito menos para o Brasil. Reafirmamos nossa oposição programática ao governo estadual, conforme Resolução do 3º Congresso Estadual, em razão de ações como: mínimos investimentos na área social, ausência de participação popular, falta de transparência no gasto público e sua concepção de estado mínimo.A Direção Estadual, observado o estatuto, promoverá o diálogo para que onde o PT governa as prévias sejam evitadas e, ainda, trabalhará para que o partido em todo o estado lance candidatos a prefeito(a), vices e a vereadores(as), fortalecendo o 13 e nossas marcas principais, tendo como referência prática os êxitos de nossas atuais administrações.Nossos aliados, considerando a realidade local, devem ser prioritariamente aqueles do campo democrático e popular, tradicionalmente – o PCdoB, o PSB e o PDT. Os demais partidos que dão sustentação ao governo Lula também estão inseridos no nosso campo de alianças, em especial o PMDB.
Já os partidos que fazem oposição ao governo Lula – o PSDB, o DEM e o PPS – estão fora desse campo.
Eventuais coligações com estes partidos só poderão ser realizadas com autorização prévia da DE, cabendo recurso ao DN.

As diferenças entre PT e PSDB são irredutíveis - Rui Falcão Dep Estadual PT/SP

É num clima de despolitização que retorna, agora em versão remodelada, a velha tese da aproximação entre o PT e o PSDB, tema que foi objeto de meu artigo anterior e que retomo agora com o propósito de mostrar que as incompatibilidades entre ambos não repousam apenas em conceitos; estendem-se à diferença de orientação dos governos do PSDB (FHC) e do PT (Lula). Para mencionar apenas alguns exemplos, aponto as diferenças irredutíveis quanto ao exercício do poder de Estado, à política externa e às políticas sociais. 1. O papel e a ação do Estado a) Sob o governo FHC De forma muito resumida, o modelo tucano na chamada era FHC, que deveria durar pelo menos 20 anos nas expectativas do ex-ministro Sérgio Motta, restringiu o papel do Estado a garantir a liberdade econômica (leia-se inexistência de entraves à acumulação do capital) e individual, a limitar a igualdade à igualdade jurídica e a prover serviços de educação aos mais pobres com vistas a aliviar os efeitos negativos da divisão social do trabalho. Seus postulados mais gerais supõem o mercado como única democracia autêntica e encaram a sociedade não como existente tal qual é, mas como um conjunto de indivíduos, abstraídos de seu contexto político e social. Como decorrência, ou corolário dessas premissas, qualquer interferência do governo no mercado fere a liberdade econômica e individual, criando obstáculos ao progresso econômico e social dos cidadãos. Os conflitos sociais são reduzidos à mera expressão das disfunções na alocação de recursos, que são corrigidas espontaneamente pelo mercado tão logo o governo remova as barreiras erguidas pelo Estado ao exercício da livre concorrência. Por não aceitarem a existência da luta de classes e a existência de interesses díspares na sociedade, a liberdade significa, para eles, apenas uma suposta renovação recorrente da ordem natural, expressa no equilíbrio espontâneo de interesses operantes no mercado. Sob FHC, as políticas do Estado brasileiro permaneceram subordinadas às orientações do chamado Consenso de Washington e sempre dependentes das regras estabelecidas pelo FMI, Banco Mundial e outros organismos multilaterais do exterior. Nos oito anos do tucanato, o Estado entregou à iniciativa privada não só a produção de bens e serviços, mas também a liderança de todo o processo de desenvolvimento econômico. Reduzido a provedor subsidiário de funções públicas clássicas, como educação para os desafortunados, saúde, administração da justiça e segurança, o Estado debilitou-se sob o comando tucano, expondo-se à sua apropriação pela iniciativa privada. Para isso contribuiu de modo especial o recurso às teorias organizacionais privadas — antes restritas ao interior das empresas e aos muros das fábricas —, que se converteram com FHC nas teorias políticas do Estado moderno. Em síntese, com os tucanos, o Estado do bem-estar social dá lugar ao Estado regulador, que carrega em si a racionalidade empresarial das corporações transnacionais. A privatização das funções do Estado provoca uma transformação no aparelho de Estado, que, de planejador e indutor do desenvolvimento, desde a década de 1930, passa na década de 1990 a agenciador da acumulação e reprodução do capital. A adoção do neoliberalismo no País, embora renegado no discurso tucano, provocou conseqüências econômicas e sociais devastadoras. A enumeração é cansativa, porém vale a pena rememorar: 1. aumento sem precedentes da carga tributária, que passou dos 20-22% do PIB, no final dos anos 80 para 36,45% do PIB, em 2002; 2. privatização de setores estratégicos, como energia, transportes e telecomunicações; 3. políticas monetárias e fiscais conservadoras, desacompanhadas de políticas sociais compensatórias (darwinismo social); 4. ampliação da abertura dos setores saúde e educação ao mundo empresarial; 5. abertura comercial e financeira ao capital estrangeiro; 6. privataria da Vale do Rio Doce, vendida por R$ 3, 338 bilhões, ou seja, por um valor quase 100 vezes menor do que o atual; 7. quadruplicação da dívida pública líquida total, que passou de R$ 208,4 bilhões em dezembro de 1995 para R$ 881,1 bilhões em dezembro de 2002, não obstante a transferência para o setor privado de importante fatia do patrimônio público, de US$ 105 bilhões (câmbio vigente durante o período de paridade cambial); 8. elevação da dívida de 29,9% para 55,9% do PIB; 9. quase triplicação da dívida pública externa, de 5,5% para 14,5% do PIB; 10. pífia taxa média anual de crescimento do PIB, da ordem de 2,3%; 11. duplicação da taxa média de desemprego aberto, de 3,1% da força de trabalho no período 1986-89 para 7,1% entre 1998-2002 (demissão de 2 milhões de trabalhadores); 12. insegurança individual e coletiva, diante do aumento da violência e da expansão do crime organizado; 13. avanços marginais na redução da mortalidade infantil e do analfabetismo (ao final de 8 anos de FHC, 40 milhões de pessoas abaixo da linha pobreza e 34,6 milhões de analfabetos funcionais; mortalidade de 30 crianças em cada 1000 por ano, antes de completar um ano de idade); 14. estabilidade monetária gravemente abalada a partir de janeiro de 1999, com o refluxo dos capitais (crise financeira internacional e subseqüente desvalorização do câmbio); 15. paralisia dos investimentos privados. b) Sob o governo Lula Por acreditar em que o papel do Estado é o de promover a igualdade e assegurar a liberdade, o governo Lula retomou as iniciativas de planejamento e de projetos capazes de induzir a retomada do desenvolvimento. E, ao fazê-lo, incorporou a população, através de seus vários segmentos representativos, nos processos de decisão – um impulso decisivo para o fortalecimento da democracia participativa no País. Graças a uma política centrada na retomada do investimento do setor público (da qual o PAC é expressão mais acabada), na geração de empregos, no fortalecimento do mercado interno, na diversificação dos parceiros comerciais, na distribuição de renda, na redução das desigualdades sociais, o Brasil retomou o caminho do desenvolvimento, agora sustentável e mais resistente a crises externas, como a que sacode a economia dos Estados Unidos atualmente.
Eis alguns exemplos, na questão do Estado, da nova postura adotada pelo governo petista:
1. suspensão do programa de privatização das estatais estratégicas;
2. mobilização da capacidade de investimento das empresas estatais sobreviventes (Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Nordeste, Eletrobrás e outras) para a reorganização do Estado e para o funcionamento da economia;
3. fortalecimento dos setores estratégicos, incluída a indústria da defesa;
4. recuperação da vocação do BNDES como banco de fomento;
5. ampliação do quadro de servidores públicos;
6. eliminação da dívida externa;
7. controle da expansão da dívida interna (redução como proporção do PIB);
8. acúmulo inédito de reservas (condição externa credora pela primeira vez na história, o que reduz sobremaneira a vulnerabilidade do País);
9. obtenção do chamado grau de investimento pelas agências de rating, que torna o Brasil mais atrativo para os investimentos estrangeiros; redução da libor (componente da taxa internacional de juros);
10. vigorosa retomada do crescimento econômico;
11. fortalecimento dos processos indutores do desenvolvimento sustentável;
12. vertiginoso processo de expansão do mercado interno;
13. índices elevados de redução da pobreza e de aumento da distribuição da renda.
Política externa
a) Com FHC, a diplomacia da submissão Uma política externa de integração subordinada, de rendição à ordem unipolar e à chamada “globalização assimétrica” — assim pode ser resumida a postura do governo FHC no contexto das relações entre as nações. Pessimista (“País atrasado em relação ao mundo”), deliberadamente passiva ante as investidas das supostas forças do mercado e de portas do País escancaradas à livre circulação de capitais, à especulação financeira internacional e à desnacionalização da economia – eis as linhas que marcaram a diplomacia sob orientação tucana. Tal política conduziu à abdicação do papel do Brasil como protagonista na construção de um novo sistema político internacional multipolar. Assim é que a ação diplomática do Itamaraty foi circunscrita à negociação das regras do comércio internacional nos organismos multilaterais tipo OMC. Com a renúncia ao papel do Brasil como protagonista-nação, desenvolveu-se uma espécie de diplomacia presidencial, restando-lhe como função a busca de prestígio nacional secundário na figura do chefe de Estado, encarnado no presidente-PhD poliglota. Confinado a atividades técnico-burocráticas, o Itamaraty teve delegadas a elaboração e a execução da política exterior para o Ministério da Fazenda, tendo como autor o ministro Pedro Malan, intimamente identificado com o programa do FMI, do Banco Mundial e do Consenso de Washington. Como já dito anteriormente, a ausência de uma estratégia de resistência e afirmação no contexto internacional acarretou uma abertura indiscriminada do mercado brasileiro à especulação financeira internacional, com as seqüelas conhecidas de desnacionalização e privatização de setores estratégicos para o desenvolvimento. b) Com Lula, uma integração altiva e ativa Diferentemente de seu antecessor, o governo Lula adotou uma postura ativa e pragmática em matéria de política externa. Restabeleceu a dimensão política na ação diplomática, não dissociada das dimensões econômica e social. Uma diplomacia realista engendra um campo de reafirmação dos interesses nacionais e de protagonismo nas relações internacionais, encerrando a época FHC de estagnação e esvaziamento. Logo de início, o Itamaraty entabulou alianças fora do hemisfério, a fim de expandir a influência do Brasil no âmbito internacional. Em um mesmo movimento, priorizou a reconstrução do Mercosul e a integração da América do Sul, com vistas a reverter a sua marginalização, garantir a governabilidade e lastrear o desenvolvimento regional, além de fortalecê-la e ao Brasil, em especial, nas negociações internacionais. Orientado pelo mesmo objetivo, o governo Lula estreitou os vínculos diplomáticos e ampliou parcerias e relações comerciais com a África, sem descuidar, naturalmente, de ensaiar parcerias estratégicas com potências emergentes como China, Índia, Rússia e África do Sul. Esse conjunto de iniciativas, que persegue o estabelecimento de um sistema internacional multipolar, regido por princípios democráticos, não somente contribuiu para reduzir o desequilíbrio nas relações com as grandes potências, como também conferiu ao Brasil maior poder de barganha, proporcional ao seu peso internacional. A nova política exterior foi também valorizada pela inserção da dimensão social nas negociações internacionais — uma extensão natural das políticas internas do governo Lula. Pois as propostas sociais de Lula vão ao encontro da nova agenda internacional, que busca corrigir as distorções criadas pela globalização, até então limitada a questões de liberalização do comércio e dos investimentos. Lembre-se que a ascensão de Lula ao poder, legitimada por esmagadora maioria votos, deu ensejo às iniciativas para a criação da nova agenda. Em tudo oposto a FHC, que lançou o País no torvelinho da crise neoliberal e ao desprestígio internacional, o projeto interno do governo Lula respalda as ações da diplomacia e tem um forte impacto internacional, assim como, inversamente, as ações da diplomacia visam ao fortalecimento da estratégia de desenvolvimento nacional sustentável. A campanha de combate à fome, por exemplo, representa o elemento simbólico que acena para a construção de um projeto nacional, de reverberação ao mesmo tempo universal, em resposta à crise da globalização neoliberal. Iniciativas como a revalorização do mercado doméstico e da capacidade de poupança interna consubstanciam uma estratégia de fortalecimento nacional e de uma presença internacional robusta e qualificada. As políticas sociais, energética, urbana, fundiária e industrial do governo Lula conformam uma vontade política nesse sentido. Paralelamente, o carisma do presidente sintetiza em sua figura franca e simples as características que o mundo admira no Brasil. Isso tem propiciado a Lula desenvolver mais facilmente uma intensa agenda internacional como porta-voz desse projeto. O Brasil sob o governo Lula atua com otimismo e vontade política, criando constantemente fatos na área internacional. Em contraste, com FHC o País sofria de baixa auto-estima, pois os governos Collor e FHC rendiam-se a uma visão de país atrasado, submisso aos constrangimentos neoliberais demandados pelos países ricos. Atualmente, ao contrário, o País se considera como um protagonista de mesmo nível, com capacidade de negociação e portador de um projeto nacional que pode contribuir para fortalecer a inserção da agenda social na globalização, em proveito da comunidade das nações. Em lugar de discursos lamurientos sobre o atavismo do atraso brasileiro (Collor e FHC), eivados de uma obediência militante, o Brasil busca agora na ação diplomática apoiar por todos os meios ao seu alcance a realização do projeto nacional. O social a) No governo FHC Sob o governo tucano, as políticas sociais converteram-se em instrumento da introdução da racionalidade mercantil na esfera pública — um cavalo de Tróia para entronizar o mercado no lugar do Estado. Ao priorizar os direitos individuais sobre os sociais (concepção de igualdade jurídica dos liberais), os tucanos introjetaram nas funções públicas os valores e critérios do mercado (a eficiência como critério básico; todos devem pagar pelo que recebem; os órgãos descentralizados devem concorrer pelos recursos públicos com base na eficiência da prestação de serviços segundo indicadores uniformes etc.). No governo FHC, as redes de seguro social foram desmanteladas, em seu estágio historicamente incipiente, e passaram a constituir um resíduo de solidariedade pública à benemerência privada para com os miseráveis. Um caso exemplar de (ausência) de política social nesse período foi a orientação imprimida à educação, que foi despolitizada como prática social e reduzida ao adestramento para o mercado. Nessa condição, o prioritário são os meios para atualizar rapidamente o conhecimento, visando ao treinamento, a familiaridade com a tecnologia do quotidiano. A formação voltada para a elevação da condição humana do cidadão não compensa face aos parâmetros da avaliação de custo-benefício ditados pelo mercado. Rezando pela cartilha do Banco Mundial, o governo do PSDB privatizou o ensino técnico e promoveu renúncia fiscal para ampliar a participação do setor privado no ensino de graduação, um dos mais rentáveis.
b) No governo Lula Principal marca distintiva do governo, as políticas sociais são para Lula um instrumento de transformação social. É dever do Estado proporcionar serviços sociais como educação, saúde e previdência. Com Lula, as políticas sociais são uma resposta ao crescente descrédito da democracia representativa como mecanismo eficaz de agregação de interesses e resolução de conflitos. Contribuem, ainda, para a governabilidade, vez que removem a desconfiança da população nas autoridades em razão de sua promiscuidade com os interesses das elites e dos grandes grupos econômicos. As políticas sociais levam a um novo tipo de relação entre Estado e sociedade, que se caracteriza por atender conjuntamente aos princípios do reconhecimento, da participação e da redistribuição. Investidas do papel de transformadoras das relações de poder e das práticas administrativas correspondentes, as políticas sociais do governo Lula debilitam as velhas estruturas de poder – sobretudo nos grotões e nas periferias urbanas — onde imperam a centralidade, a iniqüidade e a exclusão. Ao contrário do governo FHC, que tratou a educação como mercadoria, sob Lula o Estado reassume a responsabilidade pela orientação da educação integral (profissional e humana). Recupera a crença na possibilidade de educação plena dos seres humanos, restabelece a confiança na influência de instituições sobre a conduta humana e prioriza os direitos e necessidades sociais diante dos direitos individuais. Sua principal diretriz: realçar o sentido da educação como prática social, como campo de luta ideológica, para socializar o ser humano, sujeito e objeto da democracia participativa. Desdobramento desta política é a ênfase inédita na universalização da educação em todos os níveis, um amplo programa de investimentos para a melhoria da qualidade do ensino e a extensão da rede de escolas técnicas públicas, que haviam sido entregues aos cuidados do mercado por FHC. É desnecessário prosseguir. PT e PSDB nada têm em comum na sua doutrina e na sua prática política. A estrela vermelha do PT tem cinco pontas (não bicos) e em nada se assemelha a essa ave predadora da família dos ranfastídeos, que voa baixo e vive pulando de galho em galho...
Rui Falcão é advogado e jornalista e deputado estadual do PT-SP.

Alerta de Minas aos Petistas do Brasil - Rogério Correa

(A Crônica de um Aécio anunciado)

As elites mineiras há muito tem um sonho: eleger, novamente, um Presidente da República. Lembram-se de Juscelino, da política do café com leite, lamentam Tancredo Neves, e ..., hoje, só falam de “Aécio”.
Para concretizar esse sonho e devido à dianteira de Serra, tucanos mineiros e aliados, lançaram, às pressas, um Comitê denominado “Núcleo Informal Estratégico Pró-Candidatura do governador Aécio Neves à Presidência da República”.
O governo e seu núcleo sabem que a estratégia utilizada pela oposição de desqualificar o governo petista, buscando o impeachment do presidente Lula está ultrapassada. O povo derrotou Alckmin, a mídia e as elites conservadoras deste país. O segundo governo de Lula avança e estabiliza o crescimento da economia em mais de 5% ao ano, gerando emprego e renda e, principalmente, dividindo esses resultados positivos com as massas empobrecidas de nosso país.
O PAC, a partir de agora, presente nos bolsões de miséria dos grandes centros, e o “Territórios da Cidadania” nos bolsões de miséria da área rural consolidam o governo e o PT junto à imensa maioria do nosso povo, colocando-os, junto com os aliados, como favoritos a continuar governando o Brasil. Em outras palavras, Lula tem tudo para fazer o seu sucessor.
Portanto, o governador de Minas e seu núcleo estratégico sabem que têm uma pedra no meio do caminho, sendo melhor contorná-la, já que não conseguiram destruí-la. Querem convencer o PSDB nacionalmente que sua candidatura é a única possível de superar uma outra apoiada pelo presidente Lula. Por isso, declarou recentemente que não quer ser um candidato anti-Lula (como José Serra), mas um presidente pós-Lula.
O aceno é claro para as elites brasileiras: o que interessa é barrar o projeto democrático e popular em curso e retomar no pós-Lula as idéias neoliberais do período FHC.
No entanto, para que isto seja possível, o governador e sua tropa precisam de tempo e suprimentos. Precisam conquistar a maioria brasileira, em especial os mais pobres, cada vez mais próximos do governo Lula e do PT. Aí é que entra Belo Horizonte. Aécio quer o PT de BH, para exibi-lo como troféu. Na campanha eleitoral, buscaria confundir o eleitorado, como se ele, Dilma, Patrus ou Ciro fossem a mesma coisa, o mesmo projeto.
De preferência no PSDB, pois daria segurança às elites do seu propósito neoliberal e apontaria como maldoso e mentiroso o argumento dos aliados de José Serra de que seria uma aventura populista ou neo-esquerdista. Se a escolha do PSDB for por Serra servirá qualquer outra sigla que lhe dê carona, pois está convencido de que em 2010 o cavalo passará arreado.
De toda forma as elites não têm com o que se preocupar. Afinal, seus dois governos em Minas foram exemplares para o modelo liberal: choque de gestão contra o serviço público; movimento sindical e popular reprimidos com truculência; oposição sufocada; mídia amordaçada; investimentos sociais mínimos, política tributária beneficiando as grandes empresas, estado mínimo, etc...
Um deputado partidário desta estratégia me revelou com entusiasmo a pretensão do “grupo”: “realizar uma nova Inconfidência Mineira”. Exageros à parte, este é o pensamento predominante entre as elites das Alterosas. O problema desta história - que só poderia se repetir como farsa - é que não existe Tiradentes, mas muitos Joaquins Silvérios dos Reis.
Mesmo estando claro que, há 16 anos, o PT e seus aliados administram muito bem Belo Horizonte – com dezenas de programas sociais de resgate da cidadania e divisão de renda, entre eles a escola integrada, o orçamento participativo, os conselhos populares; com as finanças em dia; com capacidade de investimento; com intervenções em vilas e favelas e melhorias no saneamento; mesmo com a Prefeitura e o prefeito muito bem avaliados e o PT com quase 30% de preferência na cidade; mesmo com a possibilidade de reeditar a aliança junto ao PMDB e PCdoB, garantindo uma eleição vitoriosa; mesmo assim, esta inusitada aliança entre PT e PSDB, via PSB, aqui com papel de laranja, (aliás na última eleição municipal, PT e PSB foram adversários – Pimentel X João Leite) ameaça ser implementada na capital com repercussão em Minas Gerais e no país.
Aliados são esquecidos, a unidade petista posta de lado e vereadores e deputados, antigos adversários na capital, são, repentinamente, conclamados a aderirem a esse estranho projeto.
Algumas lideranças petistas surfam nesta onda e ganham páginas na mesma imprensa “aecista” que trabalhou pelo impeachment do presidente Lula e que continua a atacar o nosso governo e o PT. Os que discordam são perseguidos e a tese de não-aliança com o PSDB aparece como irrelevante, quando raramente citada, criando-se um clima ditatorial de pensamento único, já bem conhecido dos mineiros.
Alguns agem assim com uma análise equivocada de que PT e PSDB têm projetos semelhantes e que um dia governarão juntos o Brasil. Tese sem consistência programática, posto que em 2010, novamente, liderarão blocos adversários na condução do país. Outros, por puro pragmatismo, adesão ou sobrevivência política. De toda forma, seja como for, prestam um des-serviço ao projeto democrático popular em curso no país e que precisa continuar a bem dos trabalhadores e despossuídos.
Entendo que contribuir com esta aliança em BH é dar ao PSDB mineiro o troféu de que precisa para se mostrar credenciado junto às elites brasileiras a retomar o caminho trágico do projeto neoliberal interrompido.
Mais que um alerta, fica um apelo aos petistas de Belo Horizonte, de Minas e do Brasil: não caiam na crônica de um Aécio anunciado.
Rogério Correa é fundador do Sind-Ute, do PT e da CUT Minas. Foi vereador por 10 anos em Belo Horizonte, deputado estadual por 8 anos e 2º suplente de deputado federal do PT.

Que país é este?

para Raymundo Faoro
"¿Puedo decir que nos han traicionado? No. ¿ Quetodos fueram buenos? Tampoco. Pero alli estáuna buena voluntad, sin duda y sobretodo, el ser así." César Vallejo
Fragmento 1

Uma coisa é um país
outra um ajuntamento.
Uma coisa é um país,
outra um regimento.
Uma coisa é um país,
outra o confinamento.
Mas já soube datas, guerras, estátuas
usei caderno "Avante"
- e desfilei de tênis para o ditador.
Vinha de um "berço esplêndido" para um
"futuro radioso"
e éramos maiores em tudo
- discursando rios e pretensão.
Uma coisa é um país,
outra um fingimento.
Uma coisa é um país, outra um monumento.
Uma coisa é um país, outra o aviltamento.
Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça
em busca de especiosa raiz?
ou deveriaparar de ler jornais
e ler anais
como anal
animal
hiena patética
na merda nacional?
Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo
comendo o que as traças descomem
procurando
o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa
visão do paraíso?
que no impeliu a errar aqui?
Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos
nacionais, como qualquer santo barroco
a rebuscar
no mofo dos papiros, no bolor
das pias batismais, no bodum das vestes reais
a ver o que se salvou com o tempo
e ao mesmo tempo
- nos trai

quarta-feira, 21 de maio de 2008

PARA ONDE VAI O PT? E O “PETISMO” VAI JUNTO? Valmore Edi

Se os interesses que motivaram as nossas lideranças petistas fossem, pelo menos, os que refletem o “bairrismo”, ao tentarem nos enfiar “goela abaixo” a aliança com o PSDB do Aécio Neves, do FHC, do Serra – belicosos adversários do PT – para a sucessão de dezesseis anos na capital do Estado, poderíamos supor que é uma reação ao predomínio dos paulistas no poder nacional. Quer dizer, uma repetição, 78 anos depois, do levante dos mineiros que se uniram em armas aos gaúchos e paraibanos, para derrubar a Velha República, porque os barões do café não cumpriram o pacto com os fazendeiros do leite, da política da dobradinha “Café com Leite”. Mas não são nem elevados e nem medianos os interesses que atam acordos dessa natureza. É a Velha República que revive, reatualizando o persistente coronel nas figuras emblemáticas de lideranças, que a militância petista criou nas últimas três décadas, pensando estar enterrando o “coronelismo”. O “Petismo”, nesta hora que antecede às eleições municipais, deve ter em mente que ainda não está tão habituado às decisões de cúpulas, às alianças pragmáticas e não programáticas e aos oportunismos de suas personalidades. E também não percebeu que o PT caminha para se tornar um partido da “Velha República”, se não for reatada a organicidade com a base social que lhe deu vida e vigor para mudar o Brasil. Quer dizer, respeito à base.
*Valmore é sociólogo e secretário do PT de Montes Claros